terça-feira, março 06, 2018

Quando o Brasil entenderá que não temos uma raça branca ou negra? Aceitem, somos uma "raça" de miscigenados, graças a Deus!

"Nós não somos um povo exclusivamente branco (e nem negro), e não devemos portanto admitir essa maldição da cor; pelo contrário, devemos fazer de tudo para esquecê-la."

(Trecho do livro de Joaquim Nabuco, "O Abolicionismo", de 1881, com um adendo meu, entre parênteses. O autor é considerado o patrono do abolicionismo, um dos grandes defensores da libertação dos escravos africanos e, posteriormente, dos direitos dos negros na sociedade)

Cento e trinta e sete anos depois, vejo grupos ideológicos fazerem o caminho inverso proposto por Joaquim Nabuco, enfatizando a questão da cor como fator separatista no país, com a promoção de movimentos supremacistas e distinção entre "raças" através de benefícios segregacionistas, esquecendo que não mais somos uma nação com raças únicas, separadas, mas uma nação miscigenada e com questões sociais de pobreza e precariedade de serviços públicos destinados a esta parcela desfavorecida da sociedade que acabam ficando em segundo plano nas chamadas "lutas de classes". Vejo lutarem pela questão do negro, do gay, da mulher, do artista nu... Mas e a questão do pobre como um todo - que é negro, branco, gay, hétero, artista ou não? Fica de lado, esquecida.
A prioridade, então, deveria ser a união de forças para a aquisição de um olhar diferenciado para os pobres, independente de cor (pois raça já não possuímos mais. Se há uma "raça" a defender é a brasileira: um misto de várias outras, símbolo da pluralidade).
Se há maioria negra entre os pobres, serão esses os mais beneficiados, então, nesta luta pela qualidade de serviços públicos prestados, principalmente nos setores de saúde e Eduacional. Que seja o desfavorecimento finananceiro o fator preponderante nesta defesa da classe pobre, e não a cor.
Separação de pessoas por cor, em pleno século XXI, deveria ser algo superado. Mas,infelizmente, nem o preconceito e nem a segregação (seja ele na direção que for) são problemáticas que Joaquim Nabuco veria superado, caso retornasse à vida.

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