segunda-feira, junho 24, 2013

Agora, a oposição somos nós!




José Simão disse bem: "A oposição somos nós!".
É isso aí! Nenhum partido havia se posicionado até agora para se opor aos abusos que vinham acontecendo neste governo. Ninguém dava um pio, mesmo diante dos pedidos constantes da população. Nunca o povo foi tão ignorado em suas petições, como fomos nos últimos anos. A reclamação por uma falta de oposição atuante, que nos representasse, era geral. Pronto! Agora temos uma oposição: nós mesmos! Fomos às ruas e nos fizemos ouvir (o que não significa que fomos ou seremos atendidos). Demos a cara à tapa, à bala de borracha, à spray de pimenta e gás lacrimogênio. Nos submetemos à ação de bandidos violentos, que se estavam lá é porque não foram pegos pela polícia antes. Já vinham vandalizando a população sem precisar de qualquer movimento para agirem. Setores da sociedade se aterrorizam com sacos de lixo e links de emissoras sendo queimados no meio da rua, se esquecendo que há alguns dias atrás vimos no noticiário que pessoas estavam sendo queimadas por assaltantes em casa e no local de trabalho. Já estávamos entregues à violência, queridos!
Esqueceram que ficar doente no Brasil é um problema até para quem tem plano de saúde, porque dependendo do exame ou cirurgia que precise fazer, pode ser que não consiga uma autorização. Morre gente sem atendimento nos hospitais públicos, mas morre também muita gente em casa por não conseguir o tratamento que precisa na rede privada. Ou seja, o caos na saúde é geral. Só não sente na pele quem pode pagar planos "top" de linha. Mas para esses, o Brasil é outro, não é o mesmo Brasil da maioria.
O fato é que uma parte da população cansou. Uma parte que já vinha enxergando os absurdos há muito tempo e que entendeu que seu voto, aquele que parecia ser sua única arma, não fazia diferença alguma. O tiro saía pela culatra, sempre. Nem a opção de não votar nós temos. O voto é anti-democraticamente obrigatório. O que fazer? Sentar e se conformar, é o que muitos respondiam. Afinal, não havia jeito. Os representantes que deveriam estar lá defendendo os nossos direitos, legislam em causa própria, e só lembram dos nosso deveres. A ordem do dia é ganhar dinheiro! Mais e mais. Afinal, dinheiro é poder. E quem detém a maior parte da nossa grana, atualmente, é o PT. Os demais partidos, que não são bobos, tentam garantir sua fatia do bolo se dividindo em duas frentes: os que juntaram-se a eles e os que querem tomar o poder deles.
Ninguém está ali pensando no povo, a não ser em como tirar mais grana dele para encher suas contas. E a lista de insatisfações vai crescendo: corrupção, impunidade, abandono dos serviços públicos, aumento e criações de taxas e impostos... PECs vergonhosas brotam como água. Atropelam a Constituição, o Ministério Público e quem mais aparecer pela frente para atrapalhar os planos de poder e enriquecimento. Tudo noticiado e sendo assistido passivamente pela população. Mas o povo começou a se reunir e a trocar ideias. Era possível se ouvir as denúncias e os gritos de protestos vindos de uma "praça pública" diferente: as redes sociais. A massa foi aumentando. Cada vez mais pessoas eram despertadas de seu "sono cívico". A fogueira estava pronta, só faltava alguém riscar o fósforo. E este alguém foi o Movimento Passe Livre e sua "Revolta dos R$ 0,20". O que ninguém sabia é que havia combustível em excesso nessa lenha, e o que se viu, ao invés de apenas o acender de uma chama, foi uma explosão com proporções inesperadas. O mês não poderia ser mais apropriado: junho. O mês das festas juninas e da Copa das Confederações, tornou-se o mês das MANIFESTAÇÕES. Brasileiros de todos os estados do país e espalhados pelo mundo juntaram-se, uníssonos em seu pedido: QUEREMOS UM BRASIL MELHOR!




O grito de protesto saiu das redes e foi para as ruas, com todas as suas reclamações e reivindicações que estavam engasgadas na garganta e limitadas aos teclados. Os posts transformaram-se em faixas e cartazes. A criatividade própria do brasileiro de inventar rimas, que esperavam ver a torcida usar na Copa, foi usada para dar ânimo às passeatas. "Pega o teu partido e vai pra P* Q* Pariu, abaixa essa bandeira e levanta a do Brasil", bradavam os paulistanos para algumas dezenas de partidários, a maioria de esquerda - também chamados "vermelhinhos" - que pipocavam aos montes querendo pegar carona no movimento e aparecer. Afinal, ano que vem teremos eleições, e quem perderia uma chance como essa? Só que eles não contavam que aquele protesto também era contra a omissão deles. Ou seria a conivência? Bem, de qualquer forma, eles não conseguiram o que queriam. Desta vez, o levante era espontâneo, não tinha partido envolvido, não tinha empresário financiando, não tinha dono de nenhuma mídia articulando nenhum golpe. E, sendo assim, não era justo que nenhum deles ficassem na aba do nosso chapéu. Se não apoiaram o povo antes, por que apoiariam agora? Está claro: o movimento é apartidário (não confundir com anti-partidário).
Agora é ver no que vai dar a onda de protestos. A ficha do governo ainda não caiu, mas algo terá que ser feito. E esperamos que seja logo, porque a demora pode resultar em duas coisas ruins: ou o fogo fica sem controle e queima até o que não deveria ou a gente descobre que ele era feito de palha.