quarta-feira, setembro 07, 2011

O "desfile" militar de 7 de Setembro do Complexo do Alemão


Data: Feriado de 7 de setembro de 2011.
Local: Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, Brasil.
Exército, Polícias Civil e Militar e o Bope tomam conta das ruelas das Comunidades, a pé ou a bordo de blindados, "Caveirões", carros ou motos. Helicópteros sobrevoam o lugar, com militares empunhando seus fuzis. Para a data, não seria de se estranhar toda essa movimentação. Afinal, o país comemora o Dia da Independência. As principais avenidas de diversas capitais do Brasil recebem seus heróis fardados em desfiles comemorativos. Brasileiros de todas as idades vão às ruas, bem cedo, com suas bandeirinhas em punho para assistirem a tradicional Parada de 7 de Setembro e evocar os mais nobres sentimentos cívicos e patrióticos. 
Mas lá no Complexo do Alemão, a história é outra. Nesse "desfile" não há o que se comemorar. As crianças não são levadas às ruas, mas sim tiradas delas às pressas. As mãos dos cidadãos não seguram bandeirinhas, mas põem-se em posição de defesa, tentando proteger o que nem blindado protege. O corre-corre não é para achar o melhor lugar para assistir a Parada e ver de perto os imponentes armamentos bélicos militares, e sim para se esconder das munições - perdidas ou endereçadas - que saem dessas mesmas armas empunhadas por heróis e bandidos. O barulho que se ouve não é da banda e sim dos tiros que mudam de tom conforme o tipo de arma. 
Independência? "Este" Brasil ainda não sabe o que é isso. Mas torcemos para que essa gente, que é tão brasileira quanto nós, possa ter o seu 7 de Setembro também.

sexta-feira, setembro 02, 2011

O bonde do descaso!


O bonde virou e 5 vidas se foram. Este foi o saldo, ou melhor, o débito (mais um) registrado na conta do governo do Estado do Rio de Janeiro no acidente com o bondinho de Santa Tereza, que vitimou fatalmente 5 pessoas e feriu outras 57, no sábado, dia 24. Justamente a 5 dias do bairro histórico comemorar os 115 anos da sua maior atração: os bondes. Ao invés de festividades no bairro, o que se viu foi luto, protestos, revolta e tristeza. Ao invés de eventos oportunistas de políticos se aproveitando da data para aparecer, o que se viu foram declarações forçadas e desencontradas, de autoridades que não conseguiram fugir da imprensa e tiveram que colocar a cara à tapa. Governador e Secretário de Transportes sem explicações plausíveis, atiraram pra todo lado, tentando inclusive vilanizar quem era a maioir vítima na história: o motorneiro. Só que o bonde que eles tentaram embarcar já estava andando há muito tempo. Outros acidentes sérios já envolveram o bondinho recentemente. Em junho, um turista francês de 24 anos morreu depois de despencar de um bonde que passava sobre os arcos da Lapa, no centro do Rio. Em 2009, uma professora de 29 anos foi atropelada ao tentar saltar de um bonde que perdeu o freio e bateu em um táxi. Ou seja, era apenas questão de tempo para uma tragédia maior acontecer.
Houve até quem dissesse: "o que esperar desses bondes após 115 anos?" Ora, os de Milão, na Itália, têm 4 séculos e funcionam em perfeita e total segurança. Próxima desculpa...
O fato é que a população não engoliu e nem vai mais engolir desculpas esfarrapadas e cobra providências. Não providências paliativas, não maquiagem para mascarar a incompetência e a omissão do Estado. A população quer soluções verdadeiras e definitivas. Não adianta culpar quem tá morto, exonerar quem segue ordens superiores. Ninguém quer ouvir mais que vão fazer e acontecer. Queremos VER fazerem e acontecer.
Se tratam assim um ponto turístico, algo que traz dinheiro para a cidade? O que pensar sobre como lidam com todo o resto, que para eles pode ser entendido apenas como "gasto" em benefício da população?
Esse bonde do terror não se resolve com UPP. A solução desses bondes é bem mais simples do que tomada de morro. Então, chega de pegar o bonde andando, governador! Basta vontade e gente competente.