sexta-feira, maio 25, 2018

Greve dos caminhoneiros: "lockout" ou união de forças?

Imagem: Rodolfo Buhrer/Reuters

Estão acusando de "lockout" a greve dos caminhoneiros. E o que é "lockout"?
O lockout ocorre quando o empregador impede que os seus funcionários, total ou parcialmente, trabalhem, com o objetivo de obter benefícios para a empresa e não para o funcionário.
Considerando a pauta de reivindicações colocadas na mesa, pode até ser que tenha havido um acordo "meio a meio", entre empregador e patrões, mas não unilateral. Creios que os dois lados concordaram que era preciso se unir para que algo fosse feito em relação às condições absurdas que são impostas aos transportadores de cargas (altos impostos, combustível caro, pedágios mil, falta de segurança, estradas em estado caótico...) e seus respectivos fornecedores, que acabam pagando para trabalhar ou manter a firma funcionando.
Se for este o caso descrito aqui por mim, não entendo como "lockout", mas como "união de forças" por um bem comum, já que a população também será beneficiada. Não acredito que esta paralização tivesse ido tão longe se não houvesse uma concordância entre as partes.
Houve, inclusive a tentativa de sindicatos e movimentos de esquerda de se integrarem à greve, trazendo reivindicações extras, mas esta participação não foi aceita, para que o movimento não ganhasse ares políticos e partidários. Isto acabou fazendo com que sites de esquerda reforçassem o boato de "lockout", talvez como uma forma de retaliação à exclusão deles nos atos, tentando descredibilizar o protesto que não levantou bandeira de nenhuma legenda.
Ontem o governo federal anunciou que se reuniu com "lideranças" do movimento e que fechou um acordo provisório. Em contrapartida, representantes da categoria de diversas cidades que estiveram em Brasília para esta tal reunião, denunciaram, em vídeos postados nas redes sociais, que este acordo foi feito de portas fechadas, sem a participação deles, apenas com 9 associações, e que, por este motivo, a greve continuaria. Em quem acreditar? Qual a informação real?
O que vemos hoje é que a paralização se mantém e a imprensa não fala destes vídeos que circularam na internet. Se há "lockout" não sei, mas que há um "fake news" sendo repassado à população, seja por parte do governo, da imprensa ou das redes sociais, há.