domingo, abril 18, 2010

Rio de Abril!

A chuva que quase fez o Rio de Janeiro virar Rio de Abril, arregalou os nossos olhos para o óbvio, para uma situação que era gritante, mas só mesmo após uma "pequena" intervenção divina e algumas centenas de vítimas pudemos realmente ver. Sabe aquela história de tô olhando mas não tô vendo? Pois era o que acontecia com o Rio. Era mesmo necessário um dilúvio para que o Rio fosse "desfavelizado"? Era necessário aquele mar de tragédias para que o povo e os governantes enxergassem que o Rio urgia por uma política de moradia séria? E o pior que nem podemos mesmo dizer que foi uma "intervenção divina", digamos que foi só "meia", pois a causa de tudo isso foi pura intervenção humana.
A ocupação dos morros (e olha que no Rio morro é o que não falta) é irresponsável e absurda. A coisa estava (ou está, pois só vou acreditar numa mudança quando ela de fato acontecer) totalmente sem freio. E não me refiro apenas aos "favelados", mas também à classe média alta e rica. É claro que a maioria dos deslizamentos ocorreram nas comunidades. A maioria das vítimas fatais foi registrada entre a população carente, mas não foram poucas, também, as notícias de donos de casarões com piscina, de famosos, que foram vítimas dos barrancos. A galera quer ter uma vida "ecologicamente correta", construindo suas mansões em locais "politicamente incorretos". Desmatam um pedaço de mata, se instalam lá se achando o próprio Robson Crusoe, e depois reclamam de quê? Esses, pior do que aqueles que não têm muita opção, podem pagar um bom engenheiro, podem escolher locais mais adequados.
Quanto aos "favelados", se tivessem acesso a planos de moradias mais acessíveis, oferecidos pelo governo, tal como há em São Paulo; ou o governo mantivesse o programa "favela bairro" iniciado pela gestão anterior, onde era realizada a reurbanização das comunidades, uma planejamento das construções, recolhimento de lixo decente, entre outras coisas; ou mesmo se as comunidades fossem orientadas por engenheiros oferecidos pelo governo a fazerem suas construções de forma correta; talvez - repito - taaalvez, muitos desmoronamentos tivessem sido evitados.
A questão do lixo também é relevante, mas aí entra uma outra história que seria mais uma batata-quente no colo dos governantes: a educação. Há, por acaso, uma campanha forte e decente de conscientização das pessoas a esse respeito? As crianças são, desde cedo, "treinadas" na escola a serem cidadãos conscientes? Que nada! Não aprendem nem o básico do B-A-Bá direito, quanto mais "Cidadania". E, voltando à questão dos favelados, onde aquele povo, que mora lá naquela altura, onde ninguém nunca viu a coleta de lixo passar (a não ser o gari que mora ali e sai pra trabalhar fora da comunidade) vai fazer com os resíduos que produzem? Criam seus próprios lixões nos terrenos baldios nos altos dos morros ou jogam ali mesmo nos córregos a céu aberto e pronto, resolvem a questão. E fazem isso de forma ignorante, no sentido de "ignorar" as consequências de suas atitudes. Eles querem se livrar do lixo e se livram do jeito que acham mais prático, "criando" essa praticidade. Simples assim.
Ou seja, culpo o governo, sim, no quesito população carente. E culpo a população mais culta e com uma renda melhor, sim, que age de forma burra, jogando seu lixo na rua, não participando das campanhas de reciclagens ou não introduzindo-as em seus prédios, condomínios e casas, entre outras cositas mais. No caso da reciclagem até dá pra dar uma pedradinha no governo também, pois não há um incentivo para que cooperadoras possam e queiram atuar no Estado.
Portanto, fazendo as contas, tem culpa pra todo mundo, mas a maior de todas vai pros governantes, esses e os outros que já se foram: prefeitos e governadores. Ninguém fez nada até então. E eu diria até que continuariam sem fazer algo que preste, caso não estivesse na programação a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Esses eventos vieram de uma forma providencial. Eles servirão como uma espécie de pressionadores de resultados. Aliás, as tragédias que lá aconteceram só tiveram a repercussão mundial que tiveram, por estes motivos. O mundo está com os olhos voltados para nós. Outro fator que ajudará muito também são as Eleições. Ou seja, eles VÃO ter que fazer algo direito. Não vai dar pra ser só de fachada. Vai que cai outro dilúvio? A não ser que voltem seus esforços para alterar a meteorologia até 2016. Coisa que eu acho difícil. Até lá, muita água vai passar por esse rio (fiz um trocadilho galera - água, Rio... hãn, hãn!)
E, por enquanto, é tudo o que tenho a dizer sobre isso.

1 comentário:

mulheresdocoveiro disse...

My Sweet Pie.. minha amiga arquiteta, esta numa area de trabalho que e de vistorias de imoveis, para aprovacao de venda, ou de regularizacao, diante da caixa economica.
ela me disse que existem ricoes, que queirem "ampliar" imoveis ou fazer um puxadinho mais pra cima, em estruturas que ja estao loucamentes abaladas e que nao tem por onde crescer. Ah, alias, eles querem fazer um tipo de "spa" para idosos e com o minimo recurso possivel, sugerindo que ela crie uma planta com poucas janelas.
poucas janelas = logo nao gasta muito material.
mas nao entendem q ecologicamente falando
muitas janelas = ambientes mais arejados e com muita luminosidade natural = logo consumo baixo de energia.

E ai fica a briga.. e ai oferecem "uma caixinha" se ela aprovar a planta nas condicoes que esta. E ela diz nao.. e perdeu o cliente.

Isso e so um caso isolado - de minha amiga.. imagina por ai o que num ta rolando.
Ela esta preocupada porque ja era para a licitacao e as chamadas aos engenheiros, arquitetos e pessoas que estarao trabalhando nas melhorias para "abrigar" a copa, ter saido. Mas NADA ainda saiu.
Portanto queridinha.. vai ser um corre, corre - vc ja imaginava isso certo? Obvio todo mundo faz tudo de ultima hora ate esperar a proxima desgraca desterrar o Rio todinho ahhh sim, queremos virar uma "Atlantis" city.

ps: otima foto!