Quantos no Brasil têm parentes, amigos ou simplesmente conhecidos que resolveram desistir de quebrar a cabeça no próprio país para conseguir se estabelecer não só como profissionais, mas como cidadãos, se mandando para o exterior? A velha frase "fazer a América" não é tão velha assim, aliás é atualíssima e expressa bem essa necessidade que a maioria desses "aventureiros" têm ao emigrar. O que todos querem é apenas uma oportunidade, ser reconhecido, ser valorizado aqui estando lá.
Eu tenho algumas amigas que estão nessa situação, mas uma em especial, que costuma olhar a vida por uma lente similar à minha, mexeu comigo ao postar o seguinte comentário em meu último post. Confira:
"Esse assunto descrito acima (no caso agora, abaixo), coincidentemente veio para cobrir o resto do meu corpo que tremia (rs)... Em meio a pensamentos sobre como é curioso ver as pessoas virarem patriotas, torcerem e uivarem de felicidade apenas a um passo do titulo de serem cidadãos de um pais que vai receber as Olimpiadas. Curioso ver as pessoas entrarem em contato comigo só para dizer "e aê, tu tá torcendo pro Brasil ou pra Chicago"? ou "Vixe! Chicago perdeu feio!". Aqui tem um grupo de mães brasileiras que ensinam português aos seus filhos estadunidenses, mas, curiosamente, a tradição, a escola e o dia-a-dia engloba a vida aqui em Chicago. No entanto, foi só uma emissora entrar em contato, que recebi um convite para "torcer" para o Brasil na casa de uma dessas mães. Afinal, somos brasileiras. É estranho, para mim, estar num pais que me dá todo respaldo de ser alguém e de acreditar que mesmo limpando banheiro vou ter um carrinho na garagem em pouco tempo. Não dá para. de repente, assim, ser patriota e saudosista do país em que nasci e não passei bons bocados... Seria estranho cuspir no prato que como, que pago as taxas e que continuo vivendo.
Se eu fosse tãooo patriota assim, estaria na mesma: defenderia minha bandeira e acreditaria num mundo melhor, mesmo com ninguém se movendo, mesmo com o 'fura-fila' ficando ali como uma obra faraônica sem importância; mesmo vendo meu Presidente ofendido com o Obama que lhe pediu apoio pra brigar contra o tráfico que vem da Bolívia, uma vez que "não quer se meter nisso" ou porque "tem prioridades com a saúde no momento". Mas... e a educação? E os grandes que consomem drogas? Será que o tráfico vem mesmo da Bolívia? Das divisas do meu Pais? Acho que tem muito mais coisa pra gente se preocupar do que enfeitar a cidada pra uma Olimpíada. Aliás, sabemos que não temos estrutura suficiente para "remodelar" a Cidade Maravilhosa tão rápido assim e que assaltos, homicídios e buxixos vão ocorrer com maior frequência durante o período do Jogos. Aí sim, o falatório ( que não será bom) vai balançar com o orgulho de ter sediado um evento de tamanho porte.
Sei não Monica, me dá asco de ver Patriotismo só em jogo de futebol ou em coisas que podemos chamar de 'boas e felizes'."
Dias depois de receber este e-mail, o Rio passou por uma verdadeira guerra entre "polícia e bandido". A TV exibiu cenas que deixariam qualquer cineasta hollywoodiano com "inveja" dos "takes" registrados. Com direito a helicóptero da polícia sendo abatido em pleno voo e tudo mais. E a guerra continua na "terra das Olimpíadas 2016". Com a lista de gente morrendo por balas perdidas aumentando. Motivos para tanto tiroteio não faltam. Ou é porque a polícia quer vingar seus homens mortos em combate, ou porque o tráfico quer ir atrás de quem deu baixa em um dos seus. E assim, o ciclo de vingança gira, como uma brincadeira de roleta russa mirada direto na cabeça do cidadão. "PoW"