Alguém aí deve se lembrar da famosa música de abertura da novela Gabriela, exibida na Globo em 1975, cujo refrão dizia: "Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim, Gabriela. Sempre Gabriela." Do refrão desta música, criei o termo "Síndrome de Gabriela", um mal que, ao meu ver, tem assolado muita gente nos dias de hoje, principalmente mulheres.
Se fosse uma doença genética, como a maioria das síndromes, poderíamos dizer que essa é caracterizada pela falta de um gene responsável pela capacidade de mudar. O mais interessante é que mudar é o que as mulheres mais gostam de fazer; mas quando se trata de uma mudança interior, então a conversa é outra. É claro que existem as exceções, mas a maioria das pessoas - e aí me refiro a homens também - tem muita dificuldade em se permitir melhorar, repetindo a velha frase feita: "Tem que gostar de mim como sou". Mas e quando acontece de nem mesmo nós nos gostarmos como somos? E se esse "defeito de fabricação" estiver trazendo prejuízos pessoais, emocionais, profissionais e até mesmo de saúde? Será que ainda assim vale o orgulho de continuar repetindo a mesma reza? Há que se lembrar também que "gostar" é uma via de mão dupla em qualquer relacionamento, seja de amizade ou amoroso. Os sentimentos devem ser recíprocos, senão não vale a pena investir nessa relação. Tem que gostar e "ser gostado". Se a pessoa realmente merecer o meu sacrifício de mudar, por que não fazê-lo? Se essa mudança vai nos fazer bem e trazer benefícios pessoais, por que não tentar o esforço? Ninguém é imutável.
Há quem denomine como "personalidade forte" esse misto de comodismo e orgulho. Eu prefiro considerar forte os que conseguem superar seus próprios limites. Não é uma tarefa fácil. Às vezes o motivo de não querer mudar é pura auto-proteção e medo. "E se eu mudar por causa dessa pessoa e ela não retribuir meu sacrifício à altura?". "E se eu mudar e essa relação não der em nada?". Se a sua motivação para mudar for apenas o outro, não mude. Mude primeiro por você. Porque tal mudança lhe fará melhor como pessoa. É claro que quem estiver por perto será beneficiado por sua escolha, mas essa consequência está em segundo plano.
Já que iniciei este texto fazendo referência a uma música, vou terminá-lo da mesma forma, citando Raul Seixas, o maluco-beleza, com o refrão de "Metamorfose Ambulante": "Eu prefiro ser essa metamorfose, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Não tenha vergonha de reconhecer que algo não está bom e se supere, se surpreenda. Caso não consiga essa proeza sozinha, busque ajuda profissional, divina ou em livros. Pelo menos tente, já é alguma coisa. Seja excessão e não regra.
2 comentários:
"personalidade forte" = ignorante preguiçoso.
No reino animal, oque nos colocou no topo da cadeia alimentar, não foi força, foi ser o mais adaptável.
Adaptável. Essa é a palavra!
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